Do Nordeste à Suíça: as portas que aprender francês podem abrir – Por Giselle Miguel

Há quase 5 anos me mudei para a Suíça, sem visto de estudante, sem um franco Suíço no bolso e sem a mínima base de francês, e hoje me sinto orgulhosa de dizer que não apenas aprendi a língua, como sigo meus estudos e trabalho em uma das minhas áreas favoritas.

Me chamo Giselle Miguel, tenho 19 anos e moro na parte de língua francesa da Suíça. Em 2016, minha mãe veio para a Suíça em busca de trabalho e pretendia me trazer o mais rápido possível. Um ano depois, ela conseguiu economizar o necessário para comprar minha passagem e foi assim que começou minha jornada até a Suíça, que aliás foi minha primeira viagem de avião (12h no total), imagina haha?

O fato de eu ter chegado aqui com 16 anos foi o mais importante, pois antes dos 18 anos você tem um visto de estudante, lembrando que a educação aqui é gratuita e você tem inúmeras oportunidades de ajuda (plano de saúde, transporte, etc) graças a escola.

Minha adaptação fluiu muito rapidamente, afinal quem não se acostuma com uma qualidade de vida melhor né? O mais complicado era sair na rua sem falar um tico de francês, até porque na Suíça ninguém fala apenas uma língua então em qualquer lugar que você vai, tem pessoas falando em vários idiomas.

Meus estudos começaram em uma Classe d’Accueil, é um curso específico para imigrantes, onde aprendemos não apenas o francês em si, mas temos outras matérias como matemática, ciências, desenho, além de aulas da nossa língua materna e um atelier (no meu caso era Culinária).

O que mais me ajudou a aprender a língua foram os mangás, por ser uma otaku de carteirinha, uma das primeiras coisas que eu fiz quando cheguei foi ir em uma biblioteca pegar mangás emprestados. Eu não entendia absolutamente nada do que estava escrito, mas escolhi um mangá que eu já conhecia a história e aos poucos, juntamente com as aulas, eu fui começando a entender o francês.

Graças as minhas notas, consegui passar diretamente para uma Classe d’Insertion Professionnelle (CIP), nesse curso nos preparamos para passar o TAF, um tipo de ENEM Suiço. O TAF é necessário para conseguir entrar em uma Apprentissage, uma formação onde geralmente você passa de 1 à 2 dias na escola e o resto no trabalho, adquirindo experiência e ganhando um salário de aprendiz.

Após passar o TAF, o meu objetivo era entrar em uma escola de artes, porém não consegui passar para a segunda fase do teste. A minha segunda opção era fazer Biblioteconomia, mas para isso eu tive que passar por mais uma prova, chamada EVA, consegui um total de 96% em francês nessa prova e fui aceita onde tinha postulado.

Atualmente quase acabando o meu segundo ano de Apprentissage, consegui alugar um apartamento em Genebra e mostro minha vida na Europa pelo Instagram.

Giselle Miguel, pernambucana, compartilha sua vida na Suíça de forma leve e interessante e mostra o tamanho da importância de estudar idiomas para conquistar oportunidades incríveis!